Teste Exclusivo Unimog Mod 1979  O UnimogMeio Metro | 12 Marchas  
Unimog: Nascido Para Trabalhar 
  Para Frente ou Para Trás?

PainelDepois de ficar babando no pátio da Superpesa chegou o momento esperado há anos: guiar um Unimog! Para que... Que decepção... É preciso um curso de adaptação. Nada é ali é como num veículo normal. A cabina é ampla o você fica na posição tipo aquário: dirigindo, você não vê o caminhão, só a estrada. Você está debruçado sobre a estrada. Painel? Nem pensar. Para vê-lo é preciso tirar completamente os olhos da estrada.  

Bem, ligar, ligou e agora? Que marcha? São 12! Com o kit de resgate o Unimog fica bem pesado e é preciso começar com o grupo baixo. Como é? Grupo baixo? Olhe a foto do indicador de marchas. A alavanca é um duplo "H" com 8 posições. De 1 a 4 é o grupo baixo. De 5 a 8 é o alto. E a ré? Espere um pouco. Entenda da seguinte forma: de 5 a 8 é o câmbio normal e de 1 a 4 é o reduzido.  

Quando se engata a reduzida (só com caminhão parado), com uma daquelas dezenas de alavancas entre os bancos, da 5 a 8 passam a ser as reduzidas (as mesmas relações que eram de 1 a 4) e, agora, de 1 a 4 passam a ser super-reduzidas. Sacou? Não? Melhor ler de novo...  

Embreagem (hidráulica é claro) e marcha 3. Acelerar. O motor esgoela seus 3.000 rpm e você vai a uns 4 km/h. Embreagem, marcha 4, acelera, agora sim, uns 12 km/h. Embreagem, empurrar a alavanca para a direita para entrar no grupo alto. Um som de coisa a ar, um "schhhhh" diz que você entrou no alto, marcha 5, 6, 7, agora você está a uns 45 km/h depois de uns 15 minutos. Para passar do grupo alto para o baixo, empurra-se a alavanca para a esquerda e após o "schhhhh" você está no grupo baixo.  

Para engatar tração e bloquear os dois diferenciais, basta girar uma alavanca no painel com indicador luminoso. Simples e prático a qualquer velocidade. Você não falar da ré? Ah, sim, a ré. Aqui a coisa é a mais radical possível. A alavanca mais alta entre os bancos é a que diz se o Unimog está indo para frente ou para trás: alavanca à frente, vai para frente; alavanca para trás, vai para trás. Sacou? Há 12 marchas para frente e as mesmas 12 para trás. O Joseph, você está dizendo que eu posso arrancar de ré com um Unimog e andar ao contrário a uns 100 km/h? Pode...  

Para ultrapassar obstáculos difíceis ou em manobras em espaços apertados o sistema é alucinante: marcha 3, parou, embreagem, alavanca para trás, foi um pouquinho, embreagem, alavanca para frente, foi mais um pouquinho e aí vai... As manobras são feitas sem precisar trocar as marchas. 

 

   Desempenho?

Características 

Câmbio 

4 marchas sincronizadas

Relação Alta 

1,045

Relação Reduzida 

1,643

Relação nos Eixos 

6,857

Primeira

7,508

Segunda

3,986

Terceira

2,302

Quarta

1,387

Suspensão Dianteira 

feixes de molas semi-elípticas, amort. de dupla ação e barra estabilizadora

Suspensão Traseira 

feixes de molas semi-elípticas com mola auxiliar, amort. de dupla ação e barra estabilizadora

Direção 

hidráulica com diâmetro de giro de 15,8 metros

Freios de Serviço 

Tambor com duplo circuito a ar

Freios de Estacionamento 

Câmara de mola acumuladora, pneumático nas rodas traseiras

Rodas

10.00 x 20

Pneus

14.00-20PR20 ou 10.00R20PR16 (radial)

Tanque de diesel 

210 litros

Cárter 

15 litros

Caixa de Mudanças 

5 litros

Carcaças dos diferenciais 

5,25 litros (cada)

Radiador

27 litros

 

Dimensões 
Comprimento 

7.320 mm

Entre-eixos 

4.200 mm

Largura

2.562 mm

Altura (carregado) 

2.969 mm

Bitola Dianteira 

2.053 mm

Bitola Traseira 

2.171 mm

Altura Livre Dianteira 

381 mm

Altura Livre Traseira 

347 mm

Altura Livre do Chassi 

1.134 mm

Ângulo de Ataque 

 

Ângulo de Saída 

 

Degrau (provável) 

480 mm

Vau 

1.200 mm

 
 
 
 

2100Não vamos falar em desempenho ou medir aceleração porque isso não existe. Foi um dos piores momentos de minha vida atravessar várias vezes a Avenida Brasil, em Campo Grande com um caminhão que vai de 0 a 60 km/ em uns 2 minutos... Experimente atravessar ruas com seu jipe em primeira reduzida que você terá a sensação exata... Na rua, todo mundo ultrapassa você. Segundo o motorista da Superpesa, aquele caminhão se desloca na estrada a uns 70 km/h, quem sabe 80 nas descidas.  

Para piorar, você tem um monte de toneladas balançando em cima de 4 molas muito compridas. Quando você vai acelerando, 3, 4, 5, 6 e 7 o Unimog oscila lateralmente como se quisesse sair da estrada pela direita ou pela esquerda. Mas é só a cabina, ele continua indo em frente. Os freios são ótimos, também, são 4 discos ventilados com duas pinças em cada um. O freio de estacionamento é outra das alavancas perdidas lá no meião e seu funcionamento é a ar. Fica tudo travado mesmo.  

Depois de umas voltas e uns obstáculos, só posso dizer uma coisa: o pessoal que anda num Paris-Dakar com um troço destes ou é maluco ou é doido. Talvez na areia, em alta velocidade ele navegue com um certo conforto mas nos obstáculos lentos comuns no off-road é um troço chato. Passar por buracos, degraus e inclinações impossíveis é com ele mesmo, mas ultrapassar um terreno com valetas transversais, por erosão de chuva, por exemplo, é uma tortura.  

Monte de TerraUm efeito colateral dos coxins de borracha usados nos SUVs entre a carroceira e o chassis é a flutuação: o chassi fica, a carroceira sobe e desce e o pedal do acelerador que está ligado (normalmente por haste) ao motor que está preso no chassis também fica. A impressão é de que o pedal está subindo e descendo. No Unimog isso é tão acentuado que se torna impossível manter a aceleração constante num terreno muito lento e muito acidentado. Você fica bombeando o acelerador e piora toda a situação. Não experimentei, mas acho que nessas condições é melhor usar uma das reduzidas e o acelerador manual preso a uma determinada rotação até ultrapassar o transtorno.  

AtoladaPara o teste ficar completo, resolvi atolar o bicho inatolável. Para isso, bastou uma subida enlameada lisa com uns 20 e poucos graus e um buraquinho de uns 5 cm de profundidade. Os pneus do Unimog de teste estavam um lixo, com a vida útil esgotada para off-road, mas era o que tínhamos. Bom sob as reclamações do motorista oficial que disse "não pare aqui no meio da subida!!!" não hesitei: parei com a roda da frente no buraquinho. Não teve reduzida, super-reduzida, marcha alta ou bloqueio de diferencial que fizesse o bicho ir para frente, morro acima. Para trás, sem problemas. (veja a marca onde ele parou) 

Isso é para todo mundo entender que o melhor conjunto mecânico nada vale se os pneus não forem adequados para aquela situação. Saindo para trás e passando no embalo, o buraco de 5 cm não era obstáculo nenhum. Mas ele não subiu o tal do morro que em seguida tem a inclinação aumentada para mais de 35 graus. No teste seguinte, enfiei a F-1000 XLT 4x4 no mesmo morro e ela subiu tudo como se tivesse andando no plano, em segunda marcha, nem reduzida foi. Mas isso é assunto para a próxima edição. 

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