Nesta edição, testamos para você o Sportage da KMB - Kia Motors do Brasil. Esse interessante veículo faz parte do segmento dos Sport Utility (SUV - Veículo Utilitário Esportivo). O Sport Utility é um veículo que pode ser usado como primeiro ou segundo carro da família. Com ele, pode-se ir a um restaurante sofisticado, sem perder o status de estar num carro de luxo. É um veículo que pode levar a família ao sítio, mesmo nos dias de chuva forte. É um veículo que pode enfrentar péssimas estradas e trilhas, com muito conforto e velocidade. 

Definir os novos veículos com tração nas quatro rodas é uma tarefa que não pode ser levada a um fim justo. Vários modelos parecem jipes, mas não são, outros não parecem, mas são. Grandes e potentes Pajeros, Range Rovers e Nissans dificilmente serão vistos em trilhas e na lama, apesar de transcenderem aos jipes em quase todos os aspectos. 

O que é um problema de marketing para o fabricante pode passar um pouco de desinformação para o consumidor. Como poderemos definir o que é realmente um jipe? Criaremos um índice mínimo para seus ângulos de ataque e saída? Outro para sua inclinação máxima lateral e de subida? Ou quem sabe, deveremos julgar seu comportamento nas estradas de terra e o conforto para os passageiros? 

Nossa proposta é esquecer essa obrigatoriedade de enquadrar um veículo numa determinada categoria, passar a entender como funciona e do que é capaz cada um deles. Quando todos os jipes tinham eixos rígidos e feixes de molas, não havia dúvida. Agora que há uma verdadeira guerra de conceitos de suspensões, câmbios e itens de conforto, tudo ficou mais complicado. 

O Sportage não pode ser considerado plenamente como um jipe por apenas alguns detalhes: na sua carroceria são usadas chapas de aço finas, típicas dos carros normais; seus ângulos de ataque e saída são pequenos (para um jipe), com 36 graus; a altura da lateral da carroceria, em relação ao solo, é pequena, 28 cm; sua velocidade nas estradas de terra é incompatível com a dos jipes tradicionais, ele é muito rápido; seu conforto é de um automóvel de luxo e não de um utilitário queixo-duro. 

Após nossos testes, cerca de 50 pessoas do Jeep Clube do Rio de Janeiro puderam dar uma volta em nosso Sportage, no asfalto e num pequeno trecho de terra. Suas críticas foram as citadas acima, com ênfase no conforto, funcionamento da suspensão e na falta de potência do motor. Neste ponto, era-lhes comunicado que o motor é um 2.1 com uns 60 CV. A crítica cedia lugar a uma admiração por tão pouca potência nominal dar um desempenho excelente. Sem exceção, todos gostariam de um motor com pelo menos 90 CV, que poderia ser um turbo-diesel ou, pelo menos, um dos motores 2.7 ou 2.8 utilizados pela KMB em outros veículos (Besta e Ceres). 

Há muito tempo atrás o Sr. Gurgel, quando questionado do motivo de seus veículos não possuirem tração 4x4, afirmou categórico que um motor de 60 CV como o do Fusca não servia, pois iriam apenas 15 CV para cada roda o que seria insuficiente. Que erro de avaliação... Nos EUA, o Sportage foi o SUV do ano em 1995, com o modelo a gasolina: motor 2.0 16 V com 135 HP/6.000 rpm! 

Na verdade, todos estão sempre descontentes com a potência de seus veículos e ninguém reclamaria de um aumento de força... Esse pequeno motor diesel 2.1 de tecnologia Peugeot equipa a Besta e o jipe Rocsta (da Asia Motors). Kia e Asia são associadas na Coréia, mas concorrentes no Brasil. Bem, num carro com uma tonelada e meia vazio e duas de capacidade máxima, esse motor de 63,5 CV permite que o motorista infrinja os limites de velocidade em qualquer estrada nacional, chegando aos 116 km/h na pista de testes, plana ao nível do mar, sem ter problemas em ultrapassar os 150 km/h (no velocímetro) em trechos com inclinação. 

Esses 63,5 CV podem não ser suficientes para disputar uma corrida com uma Cherokee ou BMW mas, através de um câmbio bem escalonado, proporcionam um desempenho off-road adequado, como veremos ao longo deste teste.