Teste Exclusivo Toyota 4Runner 4 cil gasolina
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Uma SUV Que Encara as Trilhas 
CruzandoQuando pedimos à Toyota um veículo 4x4 para teste, não tínhamos a idéia de que receberíamos uma 4Runner a gasolina, um dos SUVs (Sport Utility Vehicles) mais comentados pela imprensa especializada norte-americana. Nosso exemplar não era novo mas, bem ralado, com mais de 70.000 km rodados.  

A primeira impressão é a de estar na presença de um veículo off-road com suspensão levantada, tamanha é a altura da carroceria em relação ao solo. A frente garante, de imediato, a possibilidade de passar por qualquer obstáculo. A traseira, como em quase todos os SUVs, parece que não vai passar por lugar algum. É um veículo que se impõe no tráfego pela sua altura e aparência. Para quem gosta de cromados, a SW4 é um prato cheio. Não aderindo à tendência de materiais plásticos da cor do carro, os pára-choques são em aço. Será que os projetistas pensam que os usuários desses veículos vão bater mais que os outros? Para quem ainda não adivinhou, SW4 quer dizer: Station Wagon 4x4. Ah, o Tempra SW também é Station Wagon? É sim.  

Cada vez que pegarmos um SUV, vai ser preciso deixar claro que ele não é um jipe, nem pretende ser. Seu conforto é excelente, sua suspensão é deliciosa, sua altura livre é maior que a dos jipes, capacidade de carga incomparável. Mas, existe um mas: o ângulo de saída é pequeno, 21 graus. Por definição, um verdadeiro veículo off-road precisa de ângulos de entrada e saída maiores que 30 graus, para não bater o bico, nem arrastar a traseira. Isso, em obstáculos muito radicais. Então a coisa fica daquele jeito: em todos os obstáculos por onde um jipe passa, ele passa melhor, mais alto e mais rápido. Onde ele arrasta o pára-choque traseiro, o jipe passa sem problemas. Mas não fique desapontado. Todas os excelentes SUVs, como a SW4, Pathfinder e Pajero, têm versões de entre-eixos curtos e duas portas, com ângulo de saída realmente off-road. Aí, fica difícil de segurar...  

Aberta a porta, uma surpresa: parece um Puma! O assoalho alto, acarpetado e um banco com assento a meros 18 cm de altura! Compare isso com uma Toyota Bandeirante. Na primeira sentada, uma sensação de esquisitice, mas alguns quarteirões adiante, uma constatação honesta: é o veículo mais fácil de dirigir que já pilotei. 

  DIRIGINDO TORTO

PainelA posição de dirigir com um assoalho alto se mostrou confortável ao longo do teste, tanto no trânsito urbano quanto a altas velocidades em estradas asfaltadas ou em estradas de terra e trilhas travadas. Os bancos dianteiros possuem apenas as duas regulagens padrão - distância e inclinação do encosto com clics - e seguram bem o corpo nas piores condições, mesmo em grandes inclinações laterais. Bancos, com todas as regulagens possíveis, são opcionais. Ao fim do teste, nenhuma dor muscular ou articular, o que prova a adequação do conjunto.  

Lá pelas tantas, enquanto verifiquei que a posição do pé esquerdo no pedal de apoio não é a mesma do pé direito no acelerador, em torno de 2.500 rpm, percebi que o corpo estava todo torto, com as pernas em posições totalmente diferentes. Mas, apesar da posição inusitada, o controle da SW4 é simples e confortável.  

O volante é macio e a coluna é regulável em altura. Há uma pequena ressalva facilmente percebida pelas fotos: o volante foi feito para permitir uma leitura total do painel de instrumentos, em detrimento de uma empunhadura adequada (esportiva, nem pensar...). Não tem apoio para os polegares, essencial em viagens. Esse tipo de volante é muito comum na indústria automobilística mundial. Parece que os designers não perceberam, ainda, que as pessoas ficam muito mais tempo segurando o volante do que olhando para o painel. Aliás, essa síndrome do volante errado é mais difundida nos veículos com coluna regulável, pois é preciso que o painel seja visto em qualquer regulagem de altura.  

Ninguém tem problemas para se segurar dentro da SW4. Há uma generosa distribuição de alças para as mãos. O passageiro possui duas: na porta e na coluna do pára-brisa. O motorista também conta com essa, o que me intrigou um bocado. Quando o veículo está muito inclinado, é de se esperar que o motorista fique com as duas mãos no volante, a não ser que tenha três... Em todo caso, pode ter alguma função, para se segurar com o carro muito inclinado para a direita.  
 

SALÃO DE CARGA 

Carga O controle dos vidros é elétrico, com uma verdadeira central de comando na porta do motorista. Para abrir a porta traseira, é preciso abaixar o vidro elétrico. Não há maçaneta externa, apenas uma fechadura. Com o vidro abaixado, manuseia-se a maçaneta e trava internas. Bem, aqui existe uma bobeira de projeto. O botão que comanda o vidro do motorista, quando inteiramente pressionado, abaixa direto o vidro. Isso perturbou várias vezes, na estrada.  

Quando queria dar uma abaixadinha no vidro, dava um apertão a mais e a janela vinha completamente abaixo. Por outro lado, o comando do vidro traseiro, quer seja pelo botão no console ou pela chave na porta, não é automático! Esse vidro normalmente é abaixado e levantado todo, em cada operação. Nada mais aborrecido que ficar virando a chave na porta, esperando para o vidro terminar seu passeio. As portas têm trava elétrica e as traseiras, aquela à prova de crianças. Os vidros também podem ser travados eletricamente, inclusive o traseiro.  

A porta traseira abre para baixo, no estilo das pick-ups, revelando uma área de carga enorme. A distância entre o final da porta aberta e o banco traseiro é de 1.770 mm! Estique o braço e meça. Já viu que é preciso sentar ou subir na tampa, para arrumar os volumes lá dentro. Como a tampa agüentou, várias vezes, meus 130 kg, ela passou pelo teste, com louvor. Conversamos com alguns engenheiros que afirmaram que esse tipo de tampa introduz maior rigidez e resistência ao conjunto do que as de abertura lateral. A área para bagagem é protegida por uma cobertura plástica de correr. Certamente, se você tem filhos, vão fazer o mesmo que o meu: se jogar nela, lá do banco de trás. A lona agüentou. Os 1.770 mm também complicam para puxar a cobertura láaaaa da frente. Há quatro ganchos para amarrar aranhas ou cordas, muito práticos, dois no assoalho e dois nas caixas dos pára-lamas. Na lateral interna da carroceria, existem, ainda, dois compartimentos fechados, onde cabe uma infinidade de pequenos volumes que você queira ver (ou seria não ver ???) fora da confusão dos volumes maiores.  

Se essa área de carga não basta, abaixe os bancos traseiros (2/3) e enfie a geladeira da sogra lá para dentro. O acionamento dos bancos é simples e muito fácil, havendo presilhas para ficarem firmes na posição abaixada. Quando abaixar o banco esquerdo, você vai se deparar com o macaco, num suporte firme. Aliás, é o primeiro macaco adequado, de fábrica, que vimos. É hidráulico, para duas toneladas, com um rabo articulado permitindo um uso correto. Consulte o manual para os pontos certos de levantamento. Coisa de japonês: o macaco tem base quadrada com quatro furos, para poder ser preso atarraxado ao famigerado toquinho de madeira (não é acessório...). Sua cabeça é côncava, encaixando-se sem possibilidade de escorregar no eixo ou no apoio dianteiro. Detalhes, meros detalhes, que fazem a diferença na hora do sufoco. 

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