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É, a mais ousada das empresas do setor automotivo sob o aspecto do design, a Chrysler, está sofrendo de um mal do qual somente são acometidos os pseudo-entusiastas. Este mal, faz com que as diretrizes se misturem levando a empresa a um complexo show de contrariedades, como ficou claro em Detroit. A mesma empresa que criou o conceito de minivan, o Viper, a RAM e o PT Cruiser, está parecendo acéfala. Ela criou uma wagon super esportiva, pode? Não que o carro seja ruim, isso não! O design também não desagrada, mas, convenhamos, ela não tem nada de americano, de clássico ou tradicional. Tá! Tudo bem, a grade é Dodge e alguns traços da carroçaria também, mas alguém se lembra de alguma wagon clássica e esportiva produzida na terra do Tio Sam? Claro que não! Lá, as wagons, mesmo com enormes motores V8, quando são clássicas, usam aplicações de madeira nas laterais (“woodies”) e calotas comportadas. Elas foram criadas para ser o carro da “patroa”. Produzir uma wagon esportiva é coisa de europeu, ideal para Mercedes-Benz preparadas pela AMG etc. Mas, de uma certa forma há um alento para os puristas, os novos motores ganharam em tecnologia. Mais eficientes (potência e consumo), mais compactos e mais leves são argumentos que agregam valor a qualquer conceito. Estes fatores, sob a forma de melhores relação peso/potência e distribuição de peso, são vantagens capazes de calar boa parte das críticas. Uma boa compensação, afinal.
Revestida como se pertencesse ao cenário de filmes do tipo Blade Runner ou Fuga de Los Angeles, ou qualquer outro no gênero dark/demolition esse veículo nada tem a ver com o espírito do automobilista, seja ele americano ou de qualquer outro lugar do planeta. A menos que a Dodge esteja pretendendo lançar motos ou quadricíclos, o que seria um passo muito errado (dentro desta marca), este exercício de estilo leva nota mínima. Não vamos dar nota zero, porque o aspecto noir criado até que não foi dos piores. Mas, se ela chegar a ser produzida teremos medo de conferir seus resultados de venda. Mas o que levaria a DaimlerChrysler a apresentar tal conceito? Há duas respostas possíveis: a primeira diz que um conceito assim poderia manter a fama de ousada sem gastar muito – todos sabem que motos custam menos para se produzir que automóveis – e a segunda e mais provável, porque os comandantes, agora quase todos alemães, resolveram viajar no chucrute e, como nunca fizeram isso, escorregaram feio. Já dissemos isso antes, mas nunca é demais repetir: é importante que determinadas tradições sejam mantidas, de forma a não se descaracterizar produtos e marcas. O traço purista deve ser perpetuado, senão, brevemente, com a enxurrada eletrônica que vêm acontecendo ano-a-ano, os carros poderão ser chamados de qualquer coisa, menos de automóveis. Vamos deixar as estradas revestidas com super condutores, os joy-sticks que substituem o volante, a propulsão por magnetismo canalizado e amplificado, e todas essas evoluções radicais para nossos bisnetos e vamos viver todas as emoções do guiar; do comando sobre a máquina conforme é mais agradável: com a possibilidade de erro e acerto. Se você é um automobilista nato, sabe o que isso significa. Mas, se você não sabe ou não entendeu, continue lendo a NMA. Quem sabe nós não te contagiamos! Vrum, Vruuum... Ah, será que essa configuração que é 4x4 conseguiria fazer curvas, ainda mais na imensa velocidade que o motor V10 ofereceria? |
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