Pimenta que Arde nos Olhos
Ou dos mesmos, no caso dos amantes do Porsche. Você pode imaginar preconceito automotivo? Você pode imaginar indignação automotiva? Bem tudo isso ocorreu quando a Porsche mostrou o Cayenne S no Country Clube de São Paulo, antes do Salão. Vários jornalistas só não jogaram seus pratos no SUV, porque ia ficar mal. Algumas mentes mais arcaicas e recalcitrantes são contra este carro porque na cabeça deles a empresa alemã “está proibida e não tem o direito” de fazer outra coisa a não ser carros esporte super apertados e com motores traseiros. Alguns disseram que Ferdinand Porsche estaria se revirando no túmulo! Bem, eu também acho que sim, mas para sair de lá e baixar a bota nesse novo SUV que vai criar seu próprio padrão num segmento diferente do Mercedes ML ou do BMW X5. Com a chegada do Cayenne, ambos ficaram defasados alguns anos. É curiosa a preocupação da Porsche em lançar o novo modelo no Brasil, apenas uma semana após o lançamento no Salão de Paris, e antes de ser mostrado para a imprensa e revendedores nos Estados Unidos. É um baita de um privilégio. As fotos não fazem jus ao Cayenne. Ele é mais agradável, tem mais presença e força quando está ali do seu lado – melhor ainda, quando você está dentro, apertando o pedal da direita. Não pudemos andar, mas pudemos mexer e ligar, ao contrário de outros lançamentos de outros concorrentes alemães. Há dois modelos do Cayenne: a versão “S” – aspirada - com 340 cv e a “Turbo” – na verdade bi-turbo - com 450 cv. Ambas começarão a ser vendidas no dia 17 de dezembro, simultaneamente na Europa e no Brasil apenas. O amante do Porsche não tem que ter medo desse SUV, mas deve aprender a curti-lo. Um Porsche nunca é o primeiro carro de uma família abastada, que costuma ter um SUV também. Devia ser pior ter que escolher um utilitário de outra marca desprezada, mas agora, a escolha pode ficar em casa.
É bom ir se acostumando mesmo, pois os Cayennes vão representar 50% de toda a produção da Porsche e deverão ter vendas ótimas nos EUA, com sua capacidade de reboque para 3,5 toneladas. No Brasil o modelo “S” está cotado a U$ 145 mil (580 mil reais) enquanto o “Turbo” vai lá para os U$ 175 mil (660 mil reais), mas com certeza são muito mais utilizáveis que a tal da Ferrari Enzo de U$ 800 mil, que não vai conseguir passar por rua nenhuma, nem entrar ou sair de garagens com seu bico uns 5 cm do solo...
O desenvolvimento dessa plataforma além de resultar no Cayenne, deu no Tuareg da VW. As duas empresas juntas poderão, numa escalada de seus modelos, cobrir os desejos de quem tem de 30 a 100 mil dólares na Europa e EUA para dar um super SUV. Tuaregs não serão concorrentes de Cayennes, pois quem quer o escudo Porsche no capô do motor, não vai comprar VW.
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