Jalapão é o Jipão
O anúncio de que o governo do Tocantins e um grupo português estavam negociando a instalação de uma fábrica para montar um Land Rover/Suzuki da Metalúrigca Santana, espanhola, em plena região norte, parecia meio sem sentido, ainda mais quando se sabia que o grupo estaria representando a coreana SsangYong no Brasil. Mas durante o Salão, eles montaram dois stands, trouxeram um monte de veículos e mostraram que o grupo português Tricos, com mais de 50 anos e que atua em 19 países, não é o mesmo que lançou os coreanos por duas vezes no passado. Para montar o Jalapão, que parece um Land Rover mas não é, foi criada a empresa Fabral Ltda – Fábrica Brasileira de Automóveis, que começará a ser construída em Palmas, capital do Tocantins, até o final deste ano. Terá 65 mil metros quadrados de área construída em um terreno de 650 mil metros quadrados, num investimento inicial de U$ 14 milhões. Nessa área, haverá três linhas de montagem distintas e um centro de treinamento em parceria com Senai, Sesi, Sebrae e três universidades locais.
A primeira linha de montagem será a do jipe derivado do Santana Hanibal. A segunda será para uma picape destinada ao segmento agrícola, derivada da Tata indiana, e a terceira, um chassi para ônibus urbano com carroceria de outra empresa nacional. A capacidade total de produção será de 16.750 veículos por ano, com um índice inicial de nacionalização de 32%. Com aparência de jipe antigo, o Jalapão é moderno, baseado na carroceria do Land Rover 108 (entre-eixos de 108 polegadas) 4 portas, curiosamente possuindo mais espaço interno que a atual carroceria Land Rover Defender 110. A posição de dirigir é melhor que a do Defender, e o painel é muito moderno, com ar-condicionado integrado e local para montagem de autofalantes. Esse é mais um que vai deixando o Land Rover na poeira.
Longo, com 4,7 metros o Jalapão vai chegar aos 140 km/h impulsionado por um motor Iveco 2.8 turbo diesel com intercooler e injeção eletrônica direta –fabricado no Brasil – com 125 cv e torque de 28 kgfm @ 1800. Esse motor está dentro das normas de poluição Euro III. O tanque de 100 litros de diesel é um atrativo para viagens e trilhas, pois oferece uma invejável autonomia de mais de 1.000 km.
Ao contrário de seus concorrentes, o Jalapão tem freios a disco nas 4 rodas (ventilado/sólido) o que facilitaria um futuro, mas improvável, implemento de controle de tração por ABS. Ao contrário do Land Rover que tem tração permanente, este jipe é um 4x4 part-time sem rodas livres, mas sua reduzida é fortíssima com 3,31:1 oferecendo uma primeira reduzida de 46:1, mais que suficiente para se adequar a pneus mais altos e pesados. Com pneus 235/65R16, sua altura livre do solo é de 200 mm, mas ainda não foram definidos os pneus que serão oferecidos. Em um dos jipes no Salão estava o famigerado Steeltex da Firestone, usado pela Land Rover que será um grande erro caso seja a opção da Fabral.
Seus ângulos de ataque e saída são, respectivamente 50 e 30 graus, um pouco maiores para a versão militar, com apenas duas portas e que será oferecida ao Exército Brasileiro. As suspensões são clássicas com eixos rígidos e feixes de molas de duplo estágio. Por tudo que vimos, há empreendedores que trouxeram o Land Rover para o ano 2000 enquanto a empresa original, se mantém irredutível em sua anti-ergonomia histórica. Ainda não há preço de mercado, mas tudo indica que ficará na faixa mágica dos 50 mil reais. Por algum tempo não haverá opção de jipe curto ou com capota de lona.
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