O Primeiro a Sair do Papel
Texto e fotos de José Roitberg

Já escaldados pelas idas e vindas da Lada (que não vem mais para o Brasil, pelo menos por enquanto) e da Kia, que não abre a sua fábrica, ficamos com o pé atrás na notícia de três fabricantes de jipes chegando ao mesmo tempo: a Fabral no Tocantins, a Amazon em Manaus e a Crosslander, também em Manaus.

Bem, a primeira chegou e já está produzindo a melhor versão do mundo do jipe Aro, da Romênia, com 132 cv. A fábrica foi inaugurada no distrito industrial de Manaus no dia 29 de setembro, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, e representa um investimento total de 32 milhões de dólares, com a previsão de fabricação de 3.000 unidades em 2003 e 6.000 unidades a partir de 2004. Em torno da metade delas já está comprometida coma exportação para os Estados Unidos. Note que nos últimos anos, a produção dos jipes da Toyota era de umas 260 unidades/ano, enquanto a da JPX chegava aos 250 por ano. O escoamento da produção para os EUA será feita através de portos da Venezuela.

Atualmente a Crosslander recebe da Romênia a carroceria parcialmente montada, o chassi e os eixos. Mas é pretendida a nacionalização de 100% em pouco tempo. Em valor, a nacionalização já está em 70% com o motor 2.8 tdi da International, caixa de marchas Eaton, direção TRW e pneus nacionais.

Mas se os americanos vão confiar num jipe brasileiro, você não vai? As coisas estão mudando e a Aro fabrica jipes desde 1957. O que mais se nota no CL-244, o modelo atual, é que ele parece velho, mas parece jipe! É uma daquelas carrocerias que deram certo e ainda tem muito tempo de vida. Sua vantagem inicial em relação ao Troller, são as 4 portas, com um espaço surpreendente no banco traseiro, com encosto ligeiramente reclinável. A porta lateral traseira é pequena e parece prever um grande aperto, mas a situação é inversa.

Na frente nota-se imediatamente um espaço maior e uma melhor posição de dirigir que a do Land Rover Defender, que poderia ser um concorrente, mas vai acabar ficando na saudade. Além da melhor ergonomia, o painel é melhor que o renovado painel do Defender, com um velocímetro muito otimista para 220 km/h e um grande conta-giros na posição correta, à direita. O ar-condicionado é incorporado ao painel e não pendurado sobre o joelho do passageiro como na velha Bandeirante e no Defender. Mas, acredite vendo a foto: esse jipe tem saída de ar-condicionado para o banco traseiro, coisa que a maior parte dos carros de rua nacionais não têm! Ah, também tem cobertura corrediça para a área de carga – reclamação tradicional em relação às SUVs no Brasil.

A preocupação com o jipeiro também está na intenção da empresa que desenvolve um kit completo com quebra-mato, bagageiro de teto, escadas, proteção de iluminação, suporte para faróis auxiliares, suporte para guincho e snorkel – não vai faltar nada. O engate da tração e reduzida é por alavanca no assoalho, as rodas-livres são manuais, da AVM. Serão oferecidas três opções de pneus Goodyear 235/75 R15, de menos até mais off-road. Pneus com sulcos “fechados” como FSR e Steeltex não serão oferecidos. O pré-filtro de diesel está colocado em uma posição que torna sua operação bem fácil.

Segundo os engenheiros da Crosslander, o motor International caiu como uma luva no cofre do Aro. Os romenos que estiveram aqui trabalhando na adaptação ficaram entusiasmados e impressionados com o que o motor brasileiro fez com o jipe velho-de-guerra e pensam em importar este motor para as unidades vendidas na “Europa Ocidental”. (ao lado, o pré-filtro com acesso fácil)

A suspensão dianteira é independente com braços transversais e molas helicoidais e a traseira tem eixo rígido com feixes de molas de duplo estágio (acima). A capacidade de carga é de 565 kg. Em novembro passará a ser montada a picape CL-330, com capacidade de carga para 1.300 kg, outra que entra na briga do espaço deixado pela Bandeirante.

Ainda não foram divulgados dados de desempenho e consumo, mas como já conhecemos bem esse motor, pode-se esperar muita economia e velocidade máxima em torno dos 150 km/h, analisado o trem de transmissão. Uma relação final em primeira reduzida de 30,25:1 não indica a combinação ideal para uso de pneus de 33 polegadas, que vão tirar um pouco do torque e velocidade final deste novo jipe.

O preço do 244 estará em torno dos 50 mil reais e da 330, em torno dos 40 mil. As concessionárias autorizadas já estão aceitando compradores na fila. No RJ procure a Nômade, em Botafogo. Em São Paulo, vá até San Ângelo e NP Auto Diesel. Em Belo Horizonte, procure a Chevromec.