Como o veículo tem um ar-condicionado excelente, optamos por fazer os testes e trilhas com o equipamento funcionando. Puxa, que conforto... Após os testes com Correvit, na Marambia, enchemos o Sportage com 480 kg de gente e fomos areão adentro. Resolvemos ver até aonde ele iria com os Kumho M+S inflados a 28 libras. O que aconteceu? Ele foi indo, foi indo, foi indo e foi... Não houve problemas, nem aquecimento do motor e nenhuma atolada na areia fina e fofa. Era possível a rotação do motor sempre em torque máximo. Tudo na maior frescura com o ar ligado... Lembre-se dos 60 CV?!# Mesmo em trechos profundos, a boa altura livre do solo garantiu a passagem. O Sportage parece baixo, mas seus 21 cm de altura livre são os mesmos de uma Toyota Bandeirante ou Jeep com pneus originais (20,5 cm para pneus 6,50 x16 ou similares). O Sportage apresentou poucos deslizamentos laterais e os pneus produziam sulcos profundos (são duas toneladas), mas com marcas leves do desenho da banda de rodagem (boa pressão sobre o solo).
Uma determinada curva longa, em ligeira subida para esquerda, que leva à parte direita (interior) da restinga, é conhecida por deixar muitos jipes na mão. É o tipo do trecho que não parece ter dificuldades, mas a atolada é quase inevitável. Não há espaço para vir embalado. Lá no meio, com câmbio reduzido, o Sportage ficou. Tenta daqui e dali, nada feito. Primeira solução: aliviar o peso. Desembarcamos os 4 passageiros e o veículo conseguiu sair para frente, por seus próprios meios.
Passada essa armadilha, prossegue-se à beira d'água, por areia compacta. Fácil de andar a mais de 60 por hora. Aí vem aquela idéia: "Vamos tentar passar pelo trecho mais difícil"? É claro que fomos. Era preciso parar na areia dura, para entrar à esquerda, em subida, numa trilha que parecia feita de pó, tão fina era a areia. Como a idéia era atolar, o engenheiro disse para eu ir em frente. Como já não sou chegado a uma areia, encostei o fundo do Sportage, em menos de 30 metros percorridos. Todos tentaram tirá-lo dali, guiando e empurrando, mas nada feito. Então tiramos um minuto de ar de cada pneu (cada um foi esvaziado por uma pessoa diferente - isso será muito importante mais adiante). Tentamos mais um pouco e o Sportage, só com o motorista, foi em frente, sem problemas.
Com a pressão (teoricamente) mais baixa, voltamos por trechos mais difíceis onde ficou evidente o seguinte: 63 cv é pouco para duas toneladas em travessia de desertos... O carro vinha bem a uns 30 por hora no plano mas com os 5 passageiros não conseguia subir dunas longas e inclinadas. Bem, três foram a pé e, somente com os outros dois, os obstáculos foram ultrapassados sem dificuldade. Andando por aquela areia, pude ver o desafio que impúnhamos ao veículo: a cada passo, a perna entrava na areia, até o meio da canela. Que dureza...
Eu tinha dito, ainda há pouco, que cada pneu foi esvaziado em um minuto, por uma pessoa diferente. Que roubada! Nunca mais faço isso na vida! Chegando a um posto de gasolina, a coisa estava assim: dianteiro direito, 20 libras; dianteiro esquerdo, 16 libras; traseiro direito, 24 libras e, traseiro esquerdo, 21 libras. Cada pessoa apertou o pino da válvula de uma forma diferente. Tentei repetir sozinho essa façanha e não consegui... E foi com essa bagunça que o Sportage fez todo o caminho de volta, pela trilha mais complicada na areia.