Sportage Diesel Um Tigre na Trilha | Não Parece Mas é | Conforto no Off-Road | Espelhos Elétricos Na Marambaia | Na Poeira |Na Trilha | Avaliação Final | Resultados do Teste  
Parece Que Não Vai Passar 
DegrauCom o Sportage, aprendemos uma grande lição: a primeira impressão é realmente muito forte. Com seu projeto criado pela Ghia, na Alemanha, o veículo parece que não vai passar em trilhas travadas e complicadas. É bonitinho demais. Até parece um VW Golf mais parrudo sem aquela ingrata terceira coluna na lateral (alguns acham que é a super-Vemaguete...). Quando se olha um Jeep, um JPX, um Land Rover e até mesmo uma Toyota Bandeirante, a impressão é de que nada vai deter esses veículos.
Eles parecem não ter limites (mas têm).
 

Uma olhada nos pneus do Sportage nos deixou francamente preocupados: marca Kumho coreana, na medida 205x75R15 M+S (Mud + Snow), mais parecendo um bom pneu para asfalto. Sabíamos que exigiríamos muito do Sportage e os pneus pareciam totalmente inadequados. Tentamos obter pneus lameiros nessa medida, mas o mercado ainda não está preparado para a demanda. Havia modelos 235x75R15 que alongariam a transmissão e provavelmente bateriam por dentro dos pára-lamas no final do curso da suspensão. Optamos encarar as trilhas com aqueles pneus Kumho, de qualquer forma. 

Antes do off-road, fomos ao Campo de Provas da Marambaia, onde o Sportage foi submetido aos testes com o Correvit e à apreciação pelos oficiais e engenheiros do Departamento Técnico. A pista de testes é exatamente plana e ao nível do mar, com piso em mal estado (o asfalto não é liso). Nos testes de praxe, o veículo, transportando 3 passageiros mais o equipamento de medição e tanque a 3/4, se comportou como qualquer outro modelo a diesel sem turbo, isto é: aceleração mais lenta que a dos veículos a gasolina. 

O velocímetro se mostrou tão errado quanto o da maioria dos veículos que existem por aí, mas o hodômetro mediu exatamente as mesmas distâncias do Correvit: a leitura do hodômetro parcial é a distância real percorrida! Isso se explica: o acionamento do ponteiro do velocímetro depende de um campo magnético; para o hodômetro, o movimento é reduzido diretamente por engrenagens que podem ser calculadas com precisão absoluta, como ficou demonstrado. Aliás, notamos este acerto em quase todos os 4x4 que já testamos. Caso fossem colocados os pneus 235x75R15 de maior diâmetro, o hodômetro passaria a errar. 

O sistema de transmissão tem uma peculiaridade já sentida em outros 4x4 que não têm diferencial central: se você estiver parado e virar todo o jogo de direção até um dos batentes (direito ou esquerdo), quando acelerar para a manobra com a 4x4 engatada, o veículo estala, quica e arrasta as rodas da frente para fora da curva. Basta desencostar a direção do batente e o comportamento volta ao normal. A coisa piora em reduzida. Evite fazer este tipo de manobra. Com diferencial central esta peculiaridade deixa de existir. Isso ocorre porque neste tipo de sistema as 4 rodas não podem girar em velocidades diferentes com a tração engatada o que não se sente em altas velocidades mas é nítido neste tipo de manobra. O Sportage vem com diferencial traseiro LSD - Limited Slip Diferential (autoblocante de cerca de 60%). 

O momento crítico do teste é a prova de frenagem. Ela visa a aferir a capacidade do sistema de freios, a encontrar desequilíbrios, e não, a uma medida real do espaço de frenagem. Ao frear, a maioria dos motoristas, se souber o que está fazendo, usará o câmbio e a força do motor, para diminuir mais rapidamente a velocidade. No teste, o veículo é levado até a velocidade desejada, coloca-se o câmbio em ponto morto e pisa-se o pedal do freio, até o carro ficar imobilizado. Não aconselhamos a ninguém repetir esse procedimento. Ele é só para testes e há risco de acidente, porque ficará clara a possibilidade do veículo se desviar da trajetória e até mesmo rodar ou sair da pista. 

Nosso Sportage travou as quatro rodas somente a partir dos 60 km/h. Na quarta tentativa a 80 km/h, ele começou a perder a trajetória, obrigando a corrigir pelo volante e a aliviar o pé, invalidando a medição. Na quinta tentativa, quase girou 90 graus, de forma muito segura, sem inclinação da carroceria, bastando tirar imediatamente o pé do freio e corrigir a direção, para seguir em frente, sem problemas. Isso foi causado por um aquecimento dos freios e pneus e a um desgaste dos pneus, que começaram a escamar, o que é normal. Optamos por não insistir. 

No dia seguinte, repetimos as provas de frenagem até 80 km/h, em estradas de terra com costelas de vaca, pedrinhas soltas, no plano, em declive e até mesmo em lama até 40 km/h. O comportamento foi irrepreensível e o Sportage manteve a trajetória numa atitude melhor do que nas medições em asfalto. Praticamos freadas reais, com redução de marchas. Começamos a ficar impressionados com os pneus Kumho... Seu desenho não parece, mas traciona o piso de terra muito bem. Como algum de vocês pode ficar tentado a fazer esses testes por conta própria, vai aí o conselho: não faça! Se achar que eu não tenho razão para me preocupar tanto, use um trecho de estrada de terra larga e com pouco movimento. Quando seu carro começar a sair de lado, não insista e libere o pedal de freio imediatamente. Se usar só o freio de mão, você vai rodar! 

 Um Tigre na Trilha | Não Parece Mas é | Conforto no Off-Road | Espelhos Elétricos Na Marambaia | Na Poeira |Na Trilha | Avaliação Final | Resultados do Teste