Land Rover, Jeep e Gilete

O termo Land-Rover já estava difundido pela África e pelo Oriente, do mesmo modo que jipe designava os 4x4 por aqui. Não é à toa que o nome do veículo Toyota 4x4 lançado em 1956 era Land Cruiser! O marketing em 1958 era: "Quando forem feitos melhores land rovers, a companhia Rover os fará". Da Série II foram vendidas 28 mil unidades no primeiro ano e 34 mil no segundo. Em 1962 apareceu o Land-Rover de 12 assentos. A pretensão era de 3 passageiros no banco da frente, 3 no banco de trás e mais 3 em cada um dos dois bancos laterais na área de carga. Conforto? Para que? Essa "coisa" foi criada para que incidissem impostos menores, na categoria ônibus, o que não ocorria com o de 10 lugares. 

cab avancadaEm 1962 também surgiram os modelos de cabina avançada, jamais vistos no Brasil. O conceito era o de criar um pequeno caminhão baseado no chassis do 109 e no motor 2.286 cc a gasolina. Em 1966 ele deu uma engordada, ganhando duas versões de motor: uma com 2.286 cc, a diesel e outra com 6 cilindros, 2.625 cc, a gasolina. Seus eixos foram superdimensionados e usava pneus maiores, ganhando mais altura livre do solo e capacidade de rolamento sobre obstáculos. O entre-eixos aumentou em uma polegada e a bitola em 4 polegadas, melhorando a estabilidade e diminuindo mais ainda o raio de curva. A área de carga era bem grande, com plataforma plana. Havia modelos com cabina fechada ou aberta, com capota de lona, adotados pelo exército inglês numa versão específica do modelo 109 com motor V8 de 3.528 cc e tração permanente nas quatro rodas.  

novos faroisAquele motor 6 cilindros se tornou disponível para o Modelo 109 em 1967. Coube justo e não foi preciso dar mais uma esticada no Land-Rover. Ao mesmo tempo houve uma reestilização interna e um estofamento mais confortável passou a ser opcional para os bancos da frente. No ano seguinte os modelos de exportação tiveram seus faróis mudados da grade para os pára-lamas, devido a mudanças nas leis de trânsito de muitos países que deixaram de permitir faróis "embutidos". Em 1969 todos os modelos adotaram faróis nos pára-lamas. É lógico que a Rover sempre soube da falta de ergonomia de seus Land-Rovers. Com banquinhos fixos de ferro, esses veículos não conseguiriam entrar no sofisticado mercado norte-americano com seus Broncos, Blazers, Wagonners etc. Mostrando saber como fazer, 1970 viu surgir uma segunda linha de desenvolvimento e produção. Aparecia o Range Rover, com uma completa mudança de concepção em relação a tudo que se entendia por veículo fora-de-estrada. Mas a história dos Range Rovers fica para uma matéria à parte.  

Aproveitando alguns aspectos sugeridos no desenvolvimento da linha Range Rover, surgiu o Land-Rover Série III em 1971. As Séries I e II rodavam por aí e nada havia de errado com elas. Mas os tempos mudaram e as arestas de rusticidade do Land-Rover foram aparadas levando em conta a sofisticação do mercado consumidor. Em termos mecânicos a maior inovação foi a adoção de uma nova caixa de câmbio, agora com as quatro marchas sincronizadas (você está lendo certo só em 1971!). A primeira, a ré e a reduzida tiveram suas relações aumentadas (mais curtas ainda) possibilitando maior capacidade de subir inclinações que a das séries anteriores.  

Também foram adotados eixos traseiros de trabalho pesado nos modelos 109, novos freios - com servo nos motores de 6 cilindros e o dínamo foi substituído por um alternador. O painel foi completamente redesenhado, foi introduzido um novo volante e coluna de direção com tranca, novas alavancas de acionamento e bancos com estofamento decente. Havia até local para instalar um rádio no painel!  

O veículo de número 1 milhão saiu das linhas de montagem de Solihull em 1976: foi um 88 de 7 lugares que está ao lado do primeiro protótipo na Coleção Leyland de Veículos Históricos. Antes disso, a marca de 250 mil unidades foi atingida em 1959; o meio milhão, em 1966 e 750 mil, em 1971.  

A década de 70 viu surgir o aumento do interesse por veículos 4x4, ao mesmo tempo em que os governos melhoravam a malha rodoviária mundial. A concorrência estava se acirrando e os usuários podiam se deslocar mais rápido pelo asfalto. Entrando neste cenário, a Rover introduziu o modelo 109 com motor V8 a gasolina, em 1979. Era o mesmo motor dos Range Rovers com potência reduzida e 3.528 cc, num bloco leve de alumínio, desenhado para fornecer um torque muito grande em baixas rotações, aumentando a capacidade de percorrer todos os terrenos e a capacidade de reboque. 

com motor V8Para acomodar este V8, foi preciso avançar o radiador até o alinhamento dos pára-lamas dando um aspecto característico para este modelo. Como na linha Range Rover, o 109 V8 tem tração permanente nas quatro rodas e pode ter o diferencial central bloqueado para melhorar ainda mais a capacidade de vencer situações difíceis. Sua capacidade de subida é de 45o ou seja, 1 para 1 (sobe um metro para cada metro percorrido na horizontal. 100%). O 109 V8 também marca a história da Rover pela introdução de novas cores para a carroceria como: vermelho, amarelo e azul.  

A série em produção atual é denominada de Defender, usando tanto os motores Tdi quanto o V8 a gasolina. Nesta série, o estepe passou para a parte externa da porta traseira, mas continua sendo oferecido o tradicional suporte para o capô do motor. O conforto foi o ítem mais modificado e agora nada se pode reclamar sobre os bancos e controles. Foi dada mais uma esticadinha, passando para 90, 110 e 130 que é a cabine dupla, 4 portas com caçamba.  

Em 1979 foram vendidos 50 mil Land-Rover se 2.300 Range Rovers em forma de kits a serem montados nos países de destino. Os seguintes países possuem instalações montadoras: África do Sul, Angola, Austrália, Espanha, Filipinas, Indonésia, Irã, Quênia, Malásia, Marrocos, Nova Zelândia, Nigéria, Portugal, Sudão, Tanzânia, Tailândia, Trinidad e Tobago, Zaire, Zâmbia e Zimbabwe.  

A mais importante destas montadoras é a espanhola Metalúrgica Santa Ana S.A. atuando desde 1956. Os veículos são fabricados sob licença e são essencialmente Land-Rovers vendidos com a marca Santana e exportados para 25 países, principalmente na América Central e Norte da África. Praticamente todas as unidades atuais têm motores a diesel e são da Série III A com ênfase para um motor próprio de 2.250 cc com turbo. Se encontrar um Land-Rover com acabamento impecável, assentos confortáveis, estofamento em couro e até bolotas de câmbio em madeira, provavelmente estará diante de um Santana. 

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