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Com nome de touro bravo, este jipe parece com um Engesa, mas não é. A semelhança se deve ao fato dos engenheiros terem trabalhado na falida Engesa. O novo jipe não tem previsões para o mercado civil se não houver contrato militar. A decisão do Exército Brasileiro, que está respeitando seus contratos de pequenas quantidades de unidades Land Rover, vai ser disputado por também pela Troller e Crosslander, e quem sabe pela Fabral. Com o governo atual é muito provável que o fato da empresa ser totalmente brasileira pese na decisão. A escolha da plataforma "engesa" aposta numa decisão que o exército já havia tomado e que foi interrompida pela falência da empresa devido ao calote iraquiano. Sem dúvida alguma essa plataforma é a que possui a melhor área para os ocupantes entre qualquer jipe jamais construído no mundo e o maior curso de suspensão. No Marruá criado em parceria pela Ceppe Equipamentos e Columubus Internacional, ambas de São Paulo, não há peças Engesa. O projeto é todo novo chegando-se ao requinte de construção própria dos eixos dianteiro e traseiro, por onde começam as grandes diferenças em relação ao antigo Engesa, que segundo o pessoal da Ceppe, teve apenas uma 3.500 unidades produzidas, das quais mais de 1.000 vendidas fora do Brasil. Ambos os eixos usam "recheio" da Dana. O dianteiro é rígido, mas suas ponteiras usam homocinéticas - um grande avanço mecânico - e o traseiro, convencional recebeu um diferencial Dana com auto-blocante Trac-Loc de última geração. O pessoal da engenharia também construiu a caixa de transferência part-time, sem reduzida, usando um câmbio Eaton nacional como o das picapes Matra, com primeira super reduzida. Ao contrário do antigo Engesa que usava primeira curta e mais 3 marchas, Marruá usa primeira muito curta e mais 4 marchas, sendo a quarta, 1:1. Nesse esquema, o Marruá pode andar devagar em terrenos acidentados e em declives acentuados com uma relação final em primeira marcha de 26:1 equivalente a segunda reduzida de um Land Rover moderno que é de 25:1, oferecendo uma velocidade mínimo de 4 km/h, podendo acompanhar tropas a pé em passo lento. Quem tem que decidir o que é fundamental para o emprego militar, se uma marcha reduzida ou cinco, são os engenheiros do exército. Em termos off-road, todos conhecemos a plataforma “engesa”. Seus ângulos de ataque com 64 graus e de saída, com 52 graus são praticamente imbatíveis. Com o novo desenho dos eixos, a altura livre foi para 270 mm com pneus militares tipo “Candango” 7,50 x 16 pol. Com o uso do motor MWM Sprint turbo diesel na preparação de 135 cv, o Marruá pode atravessar 600 mm de água sem preparação. Todos os veículos que estão disputando o contrato de jipes têm características completamente diferentes. Entre eles, o Marruá é o único que apresenta as características corretas sem recorrer a adaptações. Podemos destacar a colocação em paralelo das duas baterias para o sistema de 24 volts dentro do capô do motor, coisa que os outros não conseguiram. A Troller não encontrou espaço e removeu a assento do passageiro traseiro do lado direito para a caixa com a bateria e outros componentes de sistema de 24 volts. A Land Rover, teve que fazer a mesma coisa com o espaço entre os bancos dianteiros, inviabilizando o local para as pernas de um eventual passageiro central no banco traseiro das plataformas 110 e 130. No Marruá, sem haver perda de espaço para motorista e passageiro, a área central entre os bancos é realmente militar, podendo receber equipamento de rádio para viatura de comando e torre para sustentação de armas, como: metralhadoras .50 e 7,62 mm, canhão de 40 mm de tiro rápido, lança mísseis e até mesmo um canhão de 106 mm sem recuo, coisa que os outros concorrentes militarizados não conseguem oferecer. Em compensação, não tem fábrica montada. Se não houver contrato militar, o projeto pode ir por água abaixo. Já estão na prancheta, modelos com chassi longo, que a Engesa nunca conseguiu desenvolver, nas configurações picape para carga e tropas, ambulância – os outros concorrentes não oferecem - e quem sabe, um quatro-portas com capota de lona. Com o pouco contato que tivemos com o Marruá fica a certeza de que há um item, que se modificado poderá melhorar muito o jipe: a adoção de um volante de menor diâmetro, em conjunto com a nova caixa de direção hidráulica já colocada. Volante pequeno foi uma das grandes armas para aumentar o espaço do motorista nos JPX, conceito que deveria ser seguido.
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