
Líder mundial na fabricação de pick-ups leves, a Ford do Brasil, finalmente resolveu apostar no gosto e na necessidade de certos consumidores brasileiros, que precisam de veículos com dimensões generosas. Aliás, no caso da F-250 Cabina Dupla (CD), generosíssimas.
Mas enganam-se os que pensam que o preço do carro estará diretamente associado ao seu tamanho – mais de 6 metros de comprimento –; peso – quase 3 toneladas – e potência – 180 cv. Números avantajados! Não, a idéia não é essa. Contrariando a expectativa, a F-250 CD, que será ofertada em duas versões de acabamento (XL e XLT), terá fixado à etiqueta os seguintes valores: R$ 85.990 para a XL e R$ 97.990 para a XLT. Bem abaixo do preço médio dos SUVs, e pouco acima das pick-ups médias.

Na F-250 tudo é grande. O entre-eixos tem quase 4 metros, lembrando muito o de alguns carros da década de 1940, colaborando de forma definitiva para o conforto dos passageiros. Quem vai no banco traseiro, independente da estatura, consegue cruzar e descruzar as pernas... Os que têm mais de 40 lembram de ter andado, quando moleques, indo pra casa da vovó, em táxis assim: DeSoto 1948 LWB – Long Wheel Base, ou entre-eixos longo –, com a área quadrada de um Loft, incluindo o pé direito! Naqueles carros, assim como na F-250 CD, podia-se dar um baile. Bons tempos revividos neste novo utilitário.
Com o preço dos combustíveis, adaptar um portentoso motor V8 a gasolina sobre o chassi da F-250 CD seria o mesmo que inviabilizar o projeto. Então, a opção exclusiva de motor, acertadamente acabou sendo o potente MWM seis canecos turbodiesel – TCA 6.07. O propulsor, que já conhecíamos da F-250 cabina simples. Capaz de produzir 180 cv e 50,9 kgfm de torque o seis canecos é perfeito para essa pick-up. O torque máximo está lá em baixo, a meros 1.600 rpm, e graças a uma relação final favorável – a quinta marcha é um overdrive –, esta gigante chega tranqüilamente aos 180 km/h, ou quase.
Ideal para o transporte de cargas leves ou para o reboque daquele touro ou cavalo premiado, esta pick-up ainda pode levar até seis marmanjos confortavelmente em seu interior. O vão livre do solo não é off-road assim como os ângulos de ataque e saída, mas a proposta não é a de criar um veículo 4x4 com características fora-de-estrada e sim um utilitário com jeito de automóvel, muito espaçoso e confortável, robusto o suficiente para encarar a “vida” no campo. Para os que são adeptos da blindagem, vale ressaltar que poucos veículos suportam tão bem esse apelo da segurança.

O painel é simples, mas funcional e oferece boa leitura dos instrumentos. Ao centro, logo abaixo dos comandos do ar condicionado, está um enorme porta-copos duplo. Como se pode ver abaixo, o espaço para quem vai atrás é enorme. Para realmente dar espaço ao passageiro central do banco da frente, a alavanca de câmbio deveria estar na coluna de direçã, mas não há previsão para versão com câmbio automático.

Suspenções
Mas, nem tudo é perfeito na F-250 CD. Com o sistema de suspensão dianteiro Twin-I-Bean a sensibilidade à direção é meio vaga acima de 110-120 km/h. Isso não chega a ser um incômodo, e inclusive, graças ao bom trabalho da engenharia, é melhor que na cabina simples. Em compensação essa suspenção garante o conforto nas estradas de terra e esburacadas.
Já a suspensão traseira sofreu mais que apenas uma recalibragem, foi completamente alterada. O novo posicionamento dos amortecedores, externos ao chassi, ampliaram o controle sobre os movimentos do eixo, resultando num comportamento bem adequado. A estabilidade direcional ficou boa, embora haja uma tendência a sair de frente em curvas de alta. Essa tendência dá lugar a sair de traseira após a correção, criando dificuldades.
O câmbio é preciso e possui engates justos, mas não chega a ser pesado. A embreagem parece uma seda de tão suave. O pedal de freio fica distante do acelerador para o punta-taco, ops! Eu disse punta-taco? É, meus caros leitores, o punta-taco é essencial a uma boa saída em rampa carregado ou não. Mesmo havendo torque em baixas rotações devemos evitar o famoso, conhecido e decantado, turbo leg para uma boa arrancada. Não podemos esquecer que esse bicho pesa quase 3 toneladas.
Equipamentos
As duas versões, XL e XLT, vêm com direção hidráulica, ar condicionado, eixo traseiro auto-blocante, freios ABS, estribos tubulares, porta-copos no painel, tomada elétrica de 12 V, ganchos e iluminação na caçamba, luz elevada de freio, vidros verdes, barras de proteção lateral nas portas e imobilizador antifurto PATS.
O compartimento do motor oferece espaço mais que suficiente para o poderoso MWM 4.2 litros. Observem que em nenhuma das fotos há grande proximidade da lente... é, isso é o que acontece quando se tem mais de 6 metros de comprimento.

Faróis halógenos, aviso sonoro de luz acesa e de chave na ignição, aquecedor, cinto de segurança e banco do motorista com ajuste de altura, conta-giros e voltímetro no painel, buzina dupla, encostos de cabeça ajustáveis, alças de segurança, quebra-sol com porta-documentos para o motorista e espelho para o passageiro, porta-mapas nas portas, protetor na borda da caçamba, rádio toca-fitas com dois alto-falantes, rodas de aço 16x7 polegadas e pneus 235/85R são outros itens de série.
Versão XLT
A versão XLT possui como diferenciação, grade do radiador e pára-choques cromados, piscas com lente na cor cristal, estribos tipo plataforma, rodas de alumínio de 16x7 polegadas e pneus 265/75R. Internamente, o modelo “top” inclui também air-bagl, coluna de direção regulável, trio elétrico, trava com controle remoto, janela traseira corrediça, rede porta-objetos atrás do banco traseiro, luzes de leitura independentes para os passageiros da frente e de trás, CD player com viva-voz para celular e iluminação do porta-luvas e do compartimento do motor.
Mas não basta o preço ser competitivo...
Segundo a Ford, o perfil dos proprietários de pick-ups grandes é bem definido: 97% revelam estar satisfeitos com o veículo. E seu índice de fidelidade também é alto: mais da metade dos compradores da F-250 já possuíam pick-ups grandes e 24% eram donos de pick-ups médias. Apenas 5% fazem o caminho inverso, ou seja, migram do segmento das grandes para as médias.
Para permitir ao consumidor deglutir melhor os R$ 85.990 para o modelo XL e de R$ 97.990 para o modelo XLT, a Ford criou dois planos promocionais de financiamento, juntamente com a Ford Credit. O primeiro plano, disponível para todos os consumidores, financia a compra da pick-up com taxa de apenas 0,49% ao mês, para pagamento em 12 meses, e 60% de entrada.
A segunda modalidade de crédito, o Plano Safra Exclusivo, é especial para o produtor rural. Ele foi criado para o segmento do agronegócio, com taxas superatrativas, abaixo do mercado, além de outras grandes vantagens: entrada a partir de 20% e pagamento em até três anos, com parcelas semestrais. “E aí seu moço, a Ford quer negociar cum ocê suas próximas safras.” O que vai ser?
Um Pequeno Detalhe...
por José Roitberg
Agora um papo que os off-roaders conhecem muito bem: o do Land Rover Defender 110 e da Hyundai Galloper que tinham uma capacidade de passageiros homologada para 10 pessoas, de forma irresponsável. É, você já adivinhou! Com peso em ordem de marcha de 2.850 kg a F250 CD poderia - repetimos - poderia ser conduzida com uma Carteira de Habilitação normal Categoria B, como está no artigo 143 do CBT.
Mas a homologação dessa picape para um peso bruto total de 5.500 kg a torna um caminhão aos olhos da legislação, exigindo a carteira na Categoria C: "condutor de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil e quinhentos quilogramas".
E não pense que qualquer um pode e vai conseguir mudar sua categoria de B para C. "§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias, durante os últimos doze meses". Uma simples multa por estacionamento irregular nos últimos 12 meses já o deixa fora dessa categoria.
Além disso, é preciso frequentar uma auto-escola para caminhoneiro e passar no teste prático com um caminhão. Ou seja, para você dirigir uma picape grandona, o Estado vai exigir que você se habilite para dirigir caminhões médios.
O CBT não distingue veículo vazio de veículo cheio. Logo não importa se você não colocar nada na caçamba, sua terá que ser Categoria C e se for rebocar qualquer coisa que pese de 500 kg para cima, a coisa piora, pois a carteira precisará ser a D, para combinações de 6 toneladas para cima...
Essa "lei das carteiras" vem da época do Ford Gigante e pouco mais a frente, da época do FNM. Ela está totalmente fora da realidade das modernas picapes e SUVs e do comportamento da própria sociedade. Ela acaba sendo tão absurda que o sujeito que tem a categoria D, pode dirigir desde um caminhãozinho de entrega urbana até uma carreta com reboque com mais de 35 toneladas de carga. Na real: a lei está errada e precisa ser revista. Os mais interessados deveriam ser os próprios fabricantes.
Dados Tecnicos:
Motor: MWM TCA 6.07, 6 cil., SOHC 18V, 4.200 cc Turbo aftercooled
Potência: 180 cv @ 3.200 rpm
Torque: 50,9 kgfm @ 1.600 rpm
Taxa de compressão: 17,8:1
Peso em ordem de marcha (XLT): 2.850 kg
PBTC/CMT: 5.500 kg
Dimensões:
Comprimento: 6.243 mm
Altura (vazio): 1.950 mm
Largura (sem retrovisores): 2.031 mm
Distância entre-eixos: 3.968 mm
Comprimento da caçamba: 2.092 mm
Altura da caçamba: 507 mm
Preços sugeridos:
XL: R$85.990,00
XLT: R$ 97.990,00