Esqueci de levar o meu, no terceiro dia de testes. De qualquer forma, só descobri que a SW4 tinha relógio digital , à noite, quando estranhei que um painel completo vinha sem o reloginho. Ele fica exatamente atrás da mão direita. Numa empunhadura normal do volante, não pode ser visto pelo motorista.  

Ao lado da coluna de direção, apenas duas alavancas: a da esquerda comanda luzes, faróis e setas, de forma convencional, permitindo contato momentâneo para as setas. A da direita é um conjunto de comando de limpadores e esguichos, dianteiro e traseiro, que está virando padrão nos veículos de origem asiática, com temporizador de sete velocidades, o que é muito útil. Os limpadores são muito eficientes e os esguichos são duplos, jogando bastante água no pára-brisa. O vidro de trás praticamente não suja, devido ao defletor traseiro de desenho muito bonito, com recesso para o brake-light e que esconde o limpador traseiro.  

A direção hidráulica não é progressiva, adequada a um veículo off-road. Numa progressiva, quanto mais aumenta a rotação do motor, mais endurece a direção. Com o uso de um câmbio reduzido, a direção ficaria muito pesada, em velocidades muito baixas. Ela é precisa, permitindo a colocação das rodas na trilha desejada, mas não absorve todos os impactos, como outras que já testamos. Em trilhas travadas ou off-road em altas velocidades, deve-se dirigir com os polegares "para fora", a fim de evitar algum tranco inesperado do volante. São 3,6 voltas de batente a batente.  
 

FRIO E QUENTE 

O ar-condicionado é do tipo impecável , possui uma ventoinha elétrica à frente do radiador e exige 250 rpm do motor. Como tinha aquecimento, resolvemos experimentar. Em apenas uns 30 segundos, desligamos rapidinho: esquenta muito! Logo abaixo das saídas centrais do ar, no painel, existe uma gavetinha para suporte de duas latinhas de refrigerantes ou copos. Que idéia boa! As latas ficam direto no ar gelado e a bebida não esquenta. No inverno, idem ao contrário...  

Lá embaixo, no console, há uma caixa com tampa. Não ponha nela nada que você não queira derreter! Medimos 40 graus, com o carro em uso constante. Aliás, nada de balas ou chocolates na bandeja externa do console, pois a temperatura também é alta. Após o chocolate derretido, arrumamos um bom uso para a caixa: esquentador de sanduíches. Receita: tira-se o dito, gelado, do isopor e, ainda embrulhado, coloca-se na caixa e fecha-se a tampa.  

Faça isso uma meia hora antes de consumir. Quando você parar para o lanche, o sanduba está no ponto. Dependendo do pão, cabem mais de quatro. Para guardar objetos, prefira o porta-luvas, os porta-mapas laterais ou a prateleira do console.  
 

CÂMBIO DIFERENTE

  As alavancas de câmbio e tração estão bem posicionadas. O curso da alavanca é muito longo, com 19 cm entre as marchas de cima (1, 3 e 5) e as de baixo (2 e 4). Isso faz com que uma rápida redução das marchas seja um pouco complicada, devido ao grande movimento a ser feito. A alavanca da tração é tradicional, com 4 posições: 4x2, 4x4, neutro e 4x4 reduzida. Neutro é para ser usado quando o SUV for rebocado, pois desengata completamente o câmbio.  

Infelizmente outra publicação, que não deve entender a diferença entre 4x4 e reduzida, afirmou, recentemente, em prejuízo das boas características deste veículo, que a tração só pode ser engatada até 8 km/h. Na realidade, a 4x4 pode ser engatada e desengatada até 80 km/h (oitenta!) e a reduzida, esta sim, tem, como limite, os 8 km/h (oito!). Tentei resistir, mas não deu: esse sistema é oito ou oitenta... Isto é uma boa característica, pois a maioria dos 4x4 exige a parada do veículo para engatar e desengatar a reduzida.  

Dê uma olhada na tabelinha de escalonamento do câmbio, lá nos resultados dos testes. Você percebeu que este é diferente do habitual? As 3red, 4red e 5red ficam entre a 1ª e a 2ª. Isso oferece versatilidade para andar devagar, incomum entre os outros 4x4. Lá perto de Ibitipoca, as estradas estavam muito travadas com subidas íngremes (uns 15 a 20 graus, somente...), onde a segunda era longa e a primeira era curta. Resolvi andar com reduzida, e o escalonamento 3red, 4red, 5red se mostrou muito adequado. Quando era requisitada mais força, era só ir para a 2red ou 1red e pronto. Poucos dias antes desse teste, conversei com um jipeiro que usa Samurai, com rodas de Jeep aro 16. Ele me contou que, entrando nas trilhas, nem tem a preocupação de pensar se vai ou não engatar a 4x4. Engata direto a reduzida e vai em frente...  

A impressão que se tem é que o motor é muito solto. O efeito de freio motor em quinta marcha é quase nenhum: você tira o pé do acelerador e o SUV continua na mesma velocidade. Positivamente, a quinta deve ser evitada em descidas de serra. Lembre-se da norma de descer na mesma marcha que usou para subir.  

A relação peso/ potência pode ser considerada fraca, tanto que existe o modelo 6 cilindros, com 152 cv, contra os 118 deste 4 cilindros. Mesmo assim, o conjunto é adequado. Pode-se ir, sem problemas, a qualquer parte mas, nas subidas longas em estradas, foi preciso usar a terceira marcha várias vezes, com velocidade abaixo dos 80 km/h. A quinta ficava longa, a quarta não segurava o carro a 70 km/h, o jeito era abaixar mais uma. Para se ter uma idéia de como a quinta é longa, a 120 km/h o motor está a apenas 3.250 rpm dos 5.000 apontados pela faixa vermelha. Em descidas, em quarta, leva-se o ponteiro do velocímetro a 160 km/h e o conta-giros, a quase 5.000 rpm. Daí não passa. Certamente o computador de controle da injeção possui um limitador de giro. Em quinta, a mesma velocidade é atingida com 4.250 rpm.  

Nossa 4Runner estava equipada com rodas livres automáticas (o 2.8 Diesel vem com manuais) e diferencial traseiro de escorregamento limitado (LSD - algo como a positraction ou um autoblocante). Não há como perceber o engate e desengate da 4x4, a não ser pela luz espia no painel. Sem ter a ver com esse veículo, especificamente, acho que seria muito interessante haver uma luz espia para a reduzida, nos off-roads modernos. Hoje em dia, os câmbios reduzidos estão permitindo velocidades altas. Quem sabe poderia ser a mesma indicativa da 4x4 que, mudasse de cor, ao entrar a redução?  

O manual não especifica velocidade máxima para uso em 4x4 e, ao contrário do que a mesma fonte desinformada andou citando, a aceleração e velocidades máximas, nas marchas em 4x2 e 4x4, são exatamente as mesmas (como ocorre em quase todos os 4x4). Com a 4x4 engatada, percebe-se, aí sim, uma melhoria surpreendente na forma da SW4 fazer curvas. Em 4x2, na terra, numa das curvas mais erradas que já vi (o tratorista devia estar pra lá de Bagdá, cheio de Arak...), um grampo torto em descida, a frente desgarrou para fora, sem apelação, a apenas uns 40 por hora! Frear só piorou as coisas e o jeito foi tirar o pé, para usar o freio motor nas rodas traseiras, corrigindo a situação, antes de acertarmos uma arvorezinha (não a acertamos, claro...). Engatada a 4x4 e refeita a curva, a SW4 teve um comportamento de bonde. O autoblocante e os pneus Michelin 235/75 R15 formaram um conjunto excelente. Os pneus originais são Bridgestone Desert Dueler 225/75 R15. Mas, naquelas caixas de pára-lamas, cabem mais coisas...  

Na verdade, o usuário de todos os SUVs altos deve ficar atento aos avisos dos manuais que dizem que estes carros fazem curvas de forma diferente dos carros normais. Se você tem um SUV, não hesite em ligar a 4x4 assim que entrar na terra, em serras mal traçadas em asfalto ou em estradinhas de paralelepípedo. O carro foi feito para isso! Na estrada, durante chuva, também é uma boa pedida.  

A visibilidade é muito boa, pois o motorista está muito acima do piso da estrada. A cabeça fica a 1,60 m de altura. Mesmo com a frente alta, pode-se ver o chão bem próximo ao veículo. Motoristas com menos de 1,70 m vão ficar sem ver o capô dianteiro e terão que se adaptar bem ao tamanho do carro. Os espelhos de controle elétrico são enormes e a visão para trás é boa, pois o estepe fica sob o carro e não, na porta traseira. O ar condicionado resfria rapidamente o "salão" e desembaça imediatamente os vidros dianteiros.