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Rover logo  Um Ilustre Desconhecido No Brasil   Rover Desenho No Brasil, a preferência pelo Jeep Willys, como se fosse o melhor jipe do mundo, se baseia numa distorção do mercado onde predominaram a Willys e depois a Ford, havendo apenas uma passageira concorrência dos Mungas ou Candangos da Auto Union e depois DKW. Estes jipes possuíam uma avançada concepção de molas  e suspensão independente nas quatro rodas com o uso de semi-eixos e juntas homocinéticas. Seus pequenos motores de 3 cilindros e dois tempos, com 800 até 1.100 cc, sem distribuidor e com 3 bobinas, uma para cada vela, possuíam elevado torque. Foram muito utilizados durante a construção de Brasília, quando ganharam o apelido de Candango, que na realidade era o apelido dos trabalhadores migrantes nordestinos que construiram a capital. Outro dia a gente faz um trabalho só sobre eles. Você sabia que vários dos supercarros importados, atuais, usam uma bobina para cada vela?   

O Jeep foi criado a partir das especificações militares americanas para um veículo de reconhecimento leve, com tração 4x4. Tais especificações nunca foram plenamente satisfeitas, principalmente em relação ao peso do Jeep, sempre muito acima do ideal pretendido. O que mais se aproximou delas foi o Samurai da Suzuki. Os veículos com tração 4x4, 4x6, 6x6 e 8x8 eram conhecidos no meio militar desde a década de 30, só que faltava um veículo leve e rápido. Mas a história do Jeep fica para outra matéria. Ele foi citado aqui porque seus pontos altos foram copiados e aperfeiçoados e seus problemas foram minimizados para a criação do Land Rover inglês.   
  

Linha DefenderA Rover foi fundada em Coventry por JK Starley. Seu primeiro carro foi o Rover Electric Carriage que entrou no mercado em 1888. Ele foi desenvolvido a partir de motocicletas, que por sua vez eram aperfeiçoamentos de bicicletas oriundas da produção de máquinas de costura desde 1860. O termo Rover não possui nenhuma dúvida em relação à sua origem, o que não ocorre com o termo Jeep; em 1884 foi produzido um triciclo, denominado Rover que era considerado adequado para roving pelo país. Aqui há controvérsias, pois a língua inglesa é vasta em significados para palavras de mesma grafia. O verbo to rove tem como significados básicos: vagabundear, vadiar e errar (errante). Acredito que o significado foi o de "errar", andar para qualquer lado, ir a qualquer lugar pelas estradas inglesas. De outro modo o veículo de 1888 teria um nome engraçado: "Carruagem Elétrica Vagabunda"... A companhia passou a ser conhecida como Rover Cycle Company Limited em 1896. 

 

 
A Rover teve altos e baixos nas três primeiras décadas deste século e se estabeleceu como um dos mais importantes fabricantes de veículos na Inglaterra antes da Primeira Guerra Mundial, tendo graves problemas durante a Depressão nos anos 20. Em 1929 Spencer Wilks chegou à Rover após 10 anos como Diretor na Hilmman. Em 1933, Wilks assumiu a direção da Rover e começou a implantar seus projetos de otimização industrial. Sua primeira providência foi criar um departamento de controle de materiais cujo objetivo era manter o fluxo no tempo certo, fazendo os componentes chegarem aos montadores no momento exato. Sem receber qualquer lembrança, Wilks criou um "Just in time" inglês.
 
  Tragédia Para Uns, Negócios Para Outros  
 

A Segunda Guerra Mundial interrompeu o volume crescente de vendas da empresa e forçou a a abandonar seus planos de expansão. A Rover entrou no plano de esforço de guerra fabricando motores de avião em dois locais diferentes: Acocks Green e Solihull. A guerra foi generosa para Rover que aumentou sua capacidade industrial, produzindo outros equipamentos militares, inclusive os motores Rolls Royce V12 Meteor na versão para tanques.  Ao final do conflito, ela tinha perdido sua fábrica original em Coventry, bombardeada em 1940, mas tinha os direitos aos terrenos, edifícios, máquinas e ferramentas de Acocks Green e Solihull, além de uma reserva de empregados altamente capacitados e especializados. Wilks optou por ficar em Solihull que era uma propriedade com uns 400 mil metros quadrados. Em Acocks Green, a Rover continuou fabricando os motores Meteor para tanques de guerra. 

  


Os planos eram produzir 20.000 veículos em 1946: 15.000 do modelo Rover antigo e 5.000 de um modelo novo com motor 700 cc. Para melhorar a economia do pós-guerra, a ordem era exportar, para permitir a entrada de divisas na Inglaterra. Naquela época todos os insumos industriais eram controlados pelo governo e distribuídos com base na capacidade de exportação das empresas. Entre os insumos mais raros estavam as chapas de aço, sem as quais os carros Rover não poderiam ser feitos. Os modelos pretendidos tinham baixo potencial de exportação e volante à direita. A Rover não possuía experiência em carros com volante à esquerda, adotados pela maioria dos países. O pedido para a produção de 15.000 unidades de modelos pré-guerra foi respondido pelo governo com a alocação de aço para apenas 1.100 veículos. O quadro era sombrio. A empresa sabia que em poucos anos a economia se estabilizaria. Era preciso fazer um veículo "tapa-buraco" para este período. 

  


Spencer Wilks tinha um irmão, Maurice, que era dono de uma grande fazenda em Anglesey, onde os "velhos" e desgastados Jeeps Willys desmobilizados eram muito úteis para os mais diferentes trabalhos. A lenda conta que Spencer, certo dia, perguntou a Maurice o que ele pretendia fazer, agora que os Jeeps estavam no final de sua vida útil. Maurice teria respondido que arrumaria outros porque não havia  nenhuma outra alternativa no mercado. Um problema sério para os donos de Jeeps na Inglaterra, naquela época, era a dificuldade na obtenção de peças sobressalentes. Elas podiam ser compradas apenas em leilões de sobras militares nos Estados Unidos, sempre em grande quantidade. Um jogo de quatro velas era impossível de ser encontrado, mas lotes de 100 podiam ser obtidos...