Foto: Divulgação - Land Rover U.S - Defender 90

Não demorou muito para a Ford começar a colocar os dedos na linha Land Rover. Os entusiastas do Defender não têm com o que se preocupar, pois parece que ele será mantido em produção por muito tempo. É um dos últimos veículos novos que pode ser chamado de jipe, com sua capacidade de transpor obstáculos e seu desconforto inerente. A Ford não vai transformar o Defender em SUV, pois para isso já tem a linha Range Rover, a Discovery e a Freelander. Na Europa, ainda tem um SUV próprio, o Maverick.

O grande investimento da Ford está sendo em cima do Freelander. O modelo inicial chegou ao mercado em 1997 e apenas 3 anos depois passou por grandes mudanças, que incluíram dois novos motores: 2.5 V6 a gasolina com 177 cv e 2.0 turbo diesel de 4 cilindros com common rail e 120 cv. O V6 tinha um câmbio automático Steptronic de 5 marchas que era opcional para o modelo a diesel. Estas mudanças fizeram a linha ser lançada no Japão e no Oriente Médio.

A esperada entrada no mercado norte-americano será em dezembro deste ano, mas o novo modelo estava em Frankfurt. A principal mudança estética são os alargadores de pára-lamas e pára-choques totalmente em preto. As lanternas traseiras são todas fumê diminuindo o número de cores visíveis e aliviando o design. Dificilmente falamos de cores por aqui, pois é algo ridículo. O que acrescenta para você saber que o Verde Viena substituiu o Verde Kent? Ou que o Prata Zambezi entrou no lugar do Prata Blenheim? Besteira. Os modelos básicos com motor 1.8 a gasolina virão com rodas de alumínio de aro 16 e os V6 com rodas de aro 17 (opcionais no resto da linha).
 

Acima, o Freelander 2002 e abaixo, seu interior.

O interior foi reestilizado com várias opções em couro, tecido, pretas, marrons, beges, mono ou bicolores, para satisfazer qualquer gosto e complicar a linha de produção. Mais importante que os motores e computadores, os porta copos também foram reestilizados. Algum dia alguém vai ter que relacionar todos os modelos de porta copos já inventados. Parecem infinitos. Os dianteiros ficam integrados ao painel e saem de seus esconderijos ao toque de um botão. Os traseiros ficam no descansa braço central. Todos são multi-diâmetro podendo segurar aquelas imensas xícaras da bebida nativa norte-americana, conhecida, tão erradamente, por café como o jogo com “bola oval” jogado com as mãos, por futebol…

Além de um novo painel de instrumentos e sistema de som topo de linha Harman/Kardon com 6 alto-falantes, o Freelander pode ter um sistema de navegação por satélite integrado: pode ser usado como aparelho de som, tocando CDs, ou pode ser usado com CDs de mapas. Óbvio que as duas funções juntas não vão rolar. Há mapas disponíveis para toda a América do Norte e Europa Ocidental.

Naquele esquema de confundir as coisas, muitos itens foram modificados na linha Defender que mantém a mesma nomenclatura mas leva a marcação de modelo 2002. Coisas que os carros tinham mas os jipes não tinham, chegaram para o desespero dos puristas e alegria sabe-se lá de quem, pois quem não precisa de um jipe não deve comprar um! Trecos que todos nós sabemos que um jipe não deve ter foram incorporados como: trava elétrica nas portas e vidros elétricos nas portas dianteiras. Muito bem-vindo é o sistema ABS nas 4 rodas com controle de tração. O modelo europeu está sendo vendido com o motor 2.5 turbo-diesel de 5 cilindros e 122 cv. Fora da Europa, como se tivéssemos melhores estradas e menos subidas, o motor continua sendo o 2.5 tdi de 4 cilindros com 110 cv.

Finalmente, chega a meia ergonomia e a Ford decidiu tirar do modelo 90 aquela parede transversal detrás dos bancos dianteiros, criando mais curso e reclinação. A Land Rover precisou ser vendida para americanos para que isso fosse mudado após 53 anos de reclamações em vão (ou melhor, em parede...) Tu também reclamavas do console central, dos instrumentos, dos interruptores, do sistema de aquecimento e dos limpadores de pára-brisa? Solte rojões: mudaram tudo! E ainda criaram um pacote opcional para condições de inverno com bancos e pára-brisa aquecidos.
 

Foto: Nitidamente uma adaptação, o módulo central para o rádio e a prateleira do ar condicionado, acrescentaram uma grande confusão ao visual interno

Para alguns mercados, o Defender vêm com preparação para instalação de som, ou de fábrica com modernos rádio/cassetes (parece matéria dos anos 70...) A traseira e sua porta foram redesenhados. Não é mais de alumínio mas de aço zincado cheia de proteções contra corrosão, entrada de água e poeira. Pelo menos vai agüentar o estepe sem ceder. Aliás, várias pessoas tem entrado em contato chateadas por seus Defenders enferrujarem com uso e abuso nas praias brasileiras, principalmente no Nordeste. Aí gente: o jipe não é todo de alumínio... Têm chassi e componentes de suspensão em aço, dobradiças, parafusos, porcas arruelas e outras peças menores todas em aço. Ninguém jamais anunciou que o Land Rover é livre de corrosão... Ainda mais cheio de areia e sal.

Noutro dos maiores milagres evolucionários da história do Land Rover, ele agora vem com apenas uma chave – a mesma para as portas e ignição. Parece piada, mas não é não. Como os jipes vão para os EUA onde há muitas estradas com velocidade livre diurna, os freios traseiros dos modelos 110 e 130 foram redimensionados aumentando-se as superfícies de atrito. A versão 110 cabine dupla com caçamba está sendo definitivamente incorporada, podendo transportar uma tonelada. Essas mudanças estão meio longe de chegar por aqui. Talvez se a GM entrar com o Lada Niva no ano que vem, a Ford tenha que dar uma mexida nos Defenders brasileiros, pois com a saída do JPX e do Toyota Bandeirante do mercado, o único concorrente restante no segmento é o Trollers, com fabricação limitada a 40 e poucas unidades mensais.