Dodge Dakota 5.2 R/T – Uma usina de força e de emoções.


Agência New Motor @ge de Notícias
Por Guto Ostergrenn
Dakota 5.2 R/T - a imponente visão frontal.

Com os trucks cada vez mais similares aos automóveis, é comum que nós passemos a observar determinadas coisas, nestes veículos, como se estivéssemos avaliando um automóvel comum.

Antigamente (há 30 anos), alguém que tivesse um truck, como uma pick-up Ford 1956 e fosse com ela a uma festa (como acontecia comigo) era, no mínimo, mau visto – talvez, tidas como pessoas mau educadas e sem respeito. Meu pai, nunca se incomodou com isso, e acho que nem eu, porém, minha mãe... Não é pra menos! Já pensou, o sujeito descer de um pequeno caminhão, tratado, é verdade, mas, para um casamento de um amigo da família ou coisa parecida! Putz! Era o maior mico. Mas os tempos mudaram...

Atualmente, possuir um truck (pick-up, SUV ou Van), alguns avaliados acima dos 150 mil dólares, é puro requinte e sinal de bom gosto e status. Afinal, com os preços praticados, o mínimo que podia acontecer era que eles se aproximassem do perfil de conforto e sofisticação dos automóveis. Em alguns casos o conforto excede o esperado, em outros, o desempenho é alucinante e a Dakota V8 é o que chamaríamos de: bem ajustado.

O motor que habita sob a tampa do capot da Dakota R/T, nomenclatura antiga da divisão Dodge que distinguia o Charger dos Dart, produzidos no Brasil, é uma versão atualizada do mesmo 318 ci, ou para os que gostam de medidas em litros 5.2 litros V8. O sistema de alimentação agora é por injeção indireta, multiponto, gerenciada por uma unidade eletrônica que se ajusta ao comportamento do motorista. Muito plástico e algum alumínio tornaram a unidade propulsora da Dakota R/T mais interessante e suavemente mais econômica, se comprada a versão que conhecíamos nos anos 70. Bons tempos!

Na Dakota R/T, uma coisa faz toda a diferença: a transmissão utilizada para formar o trem de força é automática, com 3 marchas mais overdrive. Com esta configuração, a Dakota mais parece um automóvel de passeio, embora, sob certa parte do asfalto calejado e enrrugado do RJ, ela mais pareça um cabrito montês. Puxa! Alguém aí lembrou que este é o símbolo da marca? Sendo assim, qualquer identificação entre ela e o comportamento dinâmico do produto, não é mera coincidência.

O acesso ao compartimento interno da Dakota R/T é facilitado por duas alças posicionadas na face interna das colunas A (dir. e esq.). Por ter cabina estendida e banco inteiriço (frente e tras., sendo bipartido na frente) ela acomoda bem os passageiros da frente e razoavelmente crianças de 7-9 anos no assento traseiro.
 

Mais bonito e completo que o de muitos carros, o painel da Dakota oferece excelente visualização. 

Ainda internamente, falta à Dakota um espelho de vaidade nas costas do pára-sol direito e para levar 3 pessoas no banco da frente, o sujeito que estiver no meio deve ter muita flexibilidade nas pernas ou pisar com carinho no porta trecos, que ocupa o lugar do console (uma acomodação difícil). O painel de instrumentos oferece boa visibilidade tanto de dia quanto, iluminado, à noite. O posicionamento do seletor de câmbio, localizado atrás da alavanca de câmbio (esta na coluna), é um dos pontos fracos. Os consumidores não acostumados a guiar automáticos deverão sempre ficar procurando enxergar qual a posição de engate (P, R, N, D, 1, 2) – uma falha no sentido da comodidade. Sobre a ponta da alavanca de câmbio existe um seletor que, se pressionado, aciona ou interrompe o funcionamento do overdrive.

Os bancos, forrados com tecido sintético, tem padronagem agradável, que, no caso do nosso carro de teste, era cinza claro com uma trama azul. Compondo o clima da cabina, o carpete era cinza e os detalhes (painel, cosole/porta-trecos e painéis de porta) cinza com detalhes em preto.

Entre os itens que geraram mais conforto, destacamos a transmissão automática com engates sempre precisos e suaves, o ar condicionado, que quase não se percebe seu funcionamento, os vidros verdes com pára-brisa dégrader e o ajuste individual dos bancos dianteiros, embora estes funcionem como banco inteiriço.

A comodidade, conta com sistema de acionamento para vidros e retrovisores externos elétricos, sistema de áudio (rádio e toca-fitas com acionamento eletrônico) com um joy-stick para ajuste de distribuição do som, porta copos nas laterais da forração traseira e sob a parte central do banco dianteiro (escamoteável) e, porque não incluir sob este ponto de vista, o confiável 5.2 litros V8.

O único trem de força disponível para a versão R/T é o V8 5.2 litros, uma verdadeira usina de força, com torque máximo na casa dos 41,0 kgfm, encontrados a meros 3.200 rpm, num motor onde o regime máximo de trabalho é de 5.250 rpm (linha vermelha). Um motor bastante adequado, particularmente, à versão de cabina estendida, que mede 5,45 m de comprimento total e pesa, vazia, nada menos que 1.945 kg. O grande chassi, produzido pela Dana, tem de entre eixos uma dimensão muito confortável (3,33 m), que a torna muito apropriada a trechos de estrada com longas retas e curvas amplas – situações onde todo o seu equilíbrio fica evidente.
 

No cofre, o 5.2 V8 é absoluto e sereno, quando trabalhando.

Andando com a Dakota R/T no trânsito, identificamos duas coisas básicas: o seu tamanho não complica a vida do motorista, a não ser pelo próprio volume (uma questão de hábito e locais apropriados para o seu estacionamento) e o fato de não podermos considerá-la um truck ágil (mesmo com um motor muito forte não é possível levar a Dakota estendida como um automóvel de passeio). Porém, o mais ágil dos trucks comercializados no país também sofre destes problemas em tráfego intenso.

Durante a avaliação de comportamento, naquela nossa serrinha particular, com a alavanca de câmbio devidamente alojada na posição 2 para evitar sacrifícios da transmissão com trocas desnecessárias e forçar a manutenção da segunda marcha, subimos o “paredão” fácil e rapidamente. No piso irregular, o comportamento do conjunto de suspensão do truck, vazio, foi bastante razoável, mas, como era de se imaginar, usando pneus de perfil muito alto (LT 235/75 R 15) e banda de rodagem com design off-road, o mais difícil era sair das curvas. Com muito torque e pouca aderência, a tendência a escapar de traseira ficou muito acentuada mas divertida, exigindo vários contra exterços.

Os freios, disco duplo ventilado, na frente, e tambor de grosso calibre atrás, assessorado por ABS, dão conta do recado mas, se solicitados a fundo apresentam aquecimento e breves fades. Uma “falha” que deve ser considerada, pois ela simula, por exemplo, a descida de uma serra longa à 40-50 km/h rebocando um trailer, barco, ou qualquer outra coisa pesada, situação que exige o uso constante dos freios.

Finalizando, a Dakota não possui ganchos de amarração nas laterais da caçamba, como acontece em outras concorrentes, o que dificulta a fixação de cargas naquele compartimento. A Dakota R/T 5.2 é um grande truck, literalmente falando.