
Peugeot Moonster – Um projeto do tipo: "ame-o ou deixe-o"
Influenciado pelo posicionamento geográfico do criador...
Agência New Motor@ge de Notícias
Por Guto Ostergrenn
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Foto: Divulgação, Peugeot Fr. - Autor e vencedor do concurso de design Peugeot: Marko Lukovic |
Há 30-40 anos quando se falava em futuro, logo surgiam os “pregadores visionários” de um mundo automatizado, repleto de carros voadores etc... Uma condição própria de uma época em que vivíamos a coqueluche da conquista da Lua. Tudo bem que eu, particularmente, não compartilhasse do gosto pelo estilo sem rodas, porém, quem além de meus pais daria ouvidos a um moleque de calças curtas metido a conhecedor?
Os anos passaram, a sociedade em que vivemos tornou-se cada vez mais exigente com a indústria automotiva e, hoje, o estilo “Rocketeer” cedeu espaço a um conceito “pós informatizado”. Os designers estão voltados para o desenvolvimento de crossovers, uma tendência ao estilo do Infiniti FX45 totalmente gerenciados por computadores, linkados ao mundo por tecnologia WAP...
Mas, e o futuro? Bem! Os “pregadores visionários” de hoje, entre os quais eu me incluo, admitem um futuro delineado pelas condições de tráfego, onde a otimização da energia propulsora e a meta de emissões zero, imposta pelos governos, ditarão o estilo. Um futuro politicamente correto.
Buscando compreender as necessidades dos consumidores, assim como faz a VW do Brasil com seus concursos de estilo, a Peugeot, na França, resolveu pesquisar uma geração inteira à frente e lançou o concurso de design Peugeot 2020. Uma idéia ousada e inusitada pela possibilidade real de tornar público o projeto vencedor. O eleito poderá ser visto em escala 1:1, no Salão de Frankfurt 2001.
Pois bem. Vários designs, todos recebidos pela WEB, foram avaliados por uma comissão julgadora que selecionou uns 30 para votação popular, também através da WEB. Durante quatro meses mais de 250 mil internautas e jornalistas especializados visitaram as páginas do concurso e deixaram seus votos, elegendo finalmente o Moonster.
É interessante ressaltar que o Moonster foge, em estilo, a tudo que se concebe atualmente, exceto pela predisposição para encarar ambientes hostis e solos totalmente irregulares.
Em uma análise fria: o projeto é pobre visualmente e desprovido de estímulos consumistas. A similaridade do corpo da carroçaria com o ET protagonista do filme Alien é gritante, e o tom acinzentado do veículo sugere um mundo cruel e sem piedade. Particularmente, mesmo que isso possa ser contestado, penso que o Moonster é fruto do ambiente (Iugoslávia) onde se criou o designer Marko Lukovic, de 23 anos, nitidamente influenciado pelas dificuldades e insegurança dos veículos convencionais de transporte.
Porém, o estilo foi o mais votado através de um júri popular o que valida sua construção e aponta para a constante insegurança em que o mundo vive. Por aqui, este conceito (robusto – topa todas) se justifica pelos assaltos, roubos e assassinatos, insegurança social... frutos de uma condição econômica, de políticas e políticos incompatíveis etc... Mas, e no mundo? Lá, ele é um reflexo do medo dos conflitos entre povos e da volta da guerra fria, com ataques terroristas e coisas do gênero.
Mesmo sendo bizarro e grotesco, o conceito é repleto de tecnologias: by wire (direção, freios, acelerador...), movido por energia (limpa) elétrica...
Devemos encarar o resultado do concurso Peugeot com muita seriedade pois reflete o sentimento atual de muitos. Quem sabe até poderá ser seu futuro automóvel!!
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